A compreensão da História e seus eventos só se completa com a auscultação de testemunhos da realidade vivida. Nesta actividade reuniram-se pensamentos e sentimentos dos testemunhos vivos, que o são, os utentes do Centro Social de Campia: a realidade do antes e do depois do 25 de Abril, as impressões sobre os sentimentos de conformação e de não aceitação do regime de Salazar, até à revolta e conquista de múltiplas liberdades – conceitos e realidades relevantes a perspectivar no processo de aprendizagem daquilo que foi o 25 de Abril.
Em suma, experiências e conhecimentos que vão para lá daquilo que os livros da escola nos oferecem. Há o país real da altura, o fenómeno da emigração (e da imigração, no pós-revolução!) vivida a cru e sem os cravos da revolução a enfeitar o dia-a-dia de quem o viveu.
Para os alunos da EBI de Campia, uma oportunidade para absorver testemunhos de vida. Para os utentes do CSC, esta foi uma actividade importante para o relembrar das diferenças do antes e do pós-25 de Abril, para fazer o balanço dos ganhos e das perdas com a mudança de regime.
Importa por isso auscultar quais os primeiros sentimentos após a revolução; efeitos imediatos na realidade do dia-a-dia; consequências a longo prazo mais sentidas; promover a reflexão sobre o evento em si (a mudança aconteceu?a democracia realizou-se?o que seria preciso para que a Revolução dos Cravos se concretizasse tal qual foi projectada?).
Contributos de uma geração para a outra, em forma da película de um filme.
Se hoje a Revolução está retratada cronológica, política e socialmente nos livros que ensinam as gerações mais novas, à altura foi apreendida de uma forma muito peculiar, principalmente nos meios rurais.
Fomos, 36 anos depois, à procura do 25 de Abril na Campia de 1974.
No dia 23 de Abril decorreu um Sarau alusivo à grande data no Cine-Teatro João Ribeiro, com os contributos de várias escolas do Concelho.
Um excerto do filme dos nossos utentes foi exibido durante a apresentação da EBI de Campia, e foi com orgulho que ouvimos as suas breves palavras.
Já no dia 26 de Abril, pelas 15h45, rumámos com o grupo de utentes participante até à escola!
À chegada, e já confortavelmente sentados na biblioteca, pudemos assistir ao filme por eles protagonizado.
Não podemos mesmo deixar de mencionr o enternecedor espanto com que se olham na tela. O orgulho que timidamente escondem.
O calor que se fez sentir não nos impediu de vir depois até ao espaço desportivo exterior, assistir a uma actuação musical preparada pelos alunos do Agrupamento de Escolas de Campia, durante a qual se entoaram algumas das músicas mais simbólicas da Revolução dos Cravos.
Resolvemos ajudá-los e cantámos com eles, de cravo na mão, gentilmente oferecido pelos alunos!
A agitação de um dia de sol desvaneceu-se com o lanche que havia sido para os nossos utentes preparado.
A agitação de um dia de sol permitiu que cada um deles, à sua maneira, se sentisse um pouco mais livre.
Com a melódica esperança do 25 de Abril ainda a pairar no pensamento.
O nosso obrigado a todos os alunos que alegraram o nosso dia, a todos os docentes que connosco prepararam esta actividade e que tão calorosamente nos acolheram!
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